Por muito tempo, os despachantes de trânsito conviveram harmonicamente com os fabricantes de placas veiculares, criando verdadeiros laços econômicos, de amizade, e parcerias – até casamentos ocorreram entre integrantes das duas categorias.
Historicamente, os fabricantes atuavam no varejo e no atacado do segmento, produzindo placas para vender nas lojas próprias e também para os clientes dos despachantes (estes, no formato do atacado).
No entanto, com o passar do tempo, e o aumento da concorrência entre os fabricantes devido ao surgimento de mais fábricas, estes entenderam equivocadamente que o atacado, conduzido pelos despachantes era quem balizava os preços num nível mais baixo, diminuindo a margem dos fabricantes. Quando na verdade foi a concorrência entre fabricantes, às vezes atuando de forma desleal, que deteriorou os preços das placas.
Desde então, criaram uma associação de fabricantes e esta instituição tem promovido ataques sistemáticos contra a categoria dos despachantes. Desde tentar proibir que os despachantes (que são os maiores clientes da maioria dos fabricantes) atendam seus clientes com a entrega das placas, até tentar derrubar legislações que dão sustentação jurídica às atividades da categoria ou ainda, incentivar que fabricantes também se tornem despachantes, num ato de vingança, para estragar o mercado como um todo.
Mas o lado pior desta situação toda é que quem financia os adversários que atacam o setor é a própria categoria dos despachantes e em muitos casos, por desconhecimento da situação. Mesmo sofrendo as consequências dos ataques sistemáticos, muitos continuam comprando placas de fabricantes ligados ao núcleo desta organização de plaqueiros.
Vale lembrar que em 2018, numa destas iniciativas que visavam afastar os despachantes, as entidades dos fabricantes lutaram para implantar o novo padrão de placas no Brasil, as chamadas Placas Mercosul. Mas por descuido, permitiram que novos agentes entrassem no setor de fabricação de placas.
Dentre as mudanças implantadas, dividiram os fabricantes em dois grupos, o principal é a indústria em si, que produz os “blanks”, e o restante virou o que passou a ser chamado de estampador. Da noite para o dia, a elite dos antigos fabricantes passou a ser somente fabricante de placas e se concentrou em meia dúzia de empresas com este status. E os demais, foram rebaixados de fabricantes para uma categoria de mero estampador, que deste momento em diante, somente “batem” os números nas chapas em branco (“blanks”) adquiridas obrigatoriamente dos fabricantes.
Diante disto, surgiram muitos novos estampadores esclarecidos sobre esta situação e ao invés de maltratar seus principais clientes, no caso os despachantes, buscaram desenvolver formas para atender melhor ainda este grupo e existem lojas espalhadas no país inteiro com este perfil. Mas o despachante que não está atento, pode ter dificuldades em separar o joio do trigo e não saber quem é o estampador amigo ou adversário.
Desta forma, no estado do Paraná, o despachante que quiser contribuir ativamente para o fortalecimento da categoria, pode buscar informações com o delegado do Sindepar que atende a sua região. E assim, parar de financiar o inimigo que busca de todas as formas desestruturar a categoria.
Texto: Felipe Brugg